"Não há de sobrar ponto sobre ponto"
Atualizado: 2 de set. de 2019
fulô fala de sofrimento psíquico e de disputa de narrativas em entrevista à escritora Ana Beatriz Bernardo.

Mãe Preta e o resgate das influências umbilicais
Rosy Nascimento (codinome fulô) tem 22 anos, mas acumula "muitas vivências ímpares", como conta em sua entrevista à também autora Ana Beatriz Bernardo.
Seu livro de estreia, publicado pela coleção #outrahistoria da Editora Nua, traz contos fabulados a partir de um lugar comumente escamoteado na literatura brasileira - o da #mulherpreta que viveu com o #sofrimentopsíquico em uma sociedade normativa e extremamente conservadora.
"Depois de anos vivendo no limbo da identidade, houve um marco em me reconhecer preta."
É desse resgate que surge o projeto Mãe Preta - primeiro, como zine e, pouco depois, sob a forma do filme Mãe & Preta, atualmente em pós-produção pelo coletivo Mulungu Audiovisual.
DesVio e o reescrever da história
No livro DesVio, Rosy estreia com força, experimentando entre a prosa poética e a narrativa em primeira, terceira e segunda pessoa - recurso não usual, afim às propostas de outras grandes contistas como a nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie e a ugandense Lilian Aujo.
Mas suas inspirações primeiras estão mais perto, incluindo Geni Guimarães, Carolina Maria de Jesus e várias mulheres fortes de seu convívio, como a poetisa e escritora Assum Preto, que assina o prefácio do livro.
Aponta Conceição Evaristo como uma de suas principais referências, considerando o romance Ponciá Vicêncio, uma obra que aborda, dentre outras questões, o próprio sofrimento psíquico, "tratado como 'herança' da protagonista."
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Rosy comenta sobre a responsabilidade que sente estando em um lugar de representatividade dada aos que, comumente, são silenciados. No entanto, mesmo tocando em "temas ditos tabus pela #branquitude", não se acanha.